Colangite Esclerosante Primária: Epidemiologia E Patogênese

Epidemiologia

A colangite esclerosante primária (CEP) é uma doença colestática crônica do fígado e ductos biliares que é freqüentemente progressiva e pode levar à doença hepática terminal. A doença é caracterizada por inflamação progressiva, fibrose e estreitamento dos ductos biliares intra-hepáticos e extra-hepáticos. O diagnóstico é melhor estabelecido pela colangiografia por contraste, que revela um quadro característico de estenoses difusas e multifocais e dilatação focal dos ductos biliares.

A retocolite ulcerativa foi relatada em 25 a 90% dos pacientes com CEP. Colite extensa, história de colectomia e DII mais grave ocorreram com mais frequência nestes pacientes. Aproximadamente 70% dos pacientes com CEP são homens, com idade média no diagnóstico de 40 anos.

Patogênese

A causa da CEP é desconhecida e é provável que múltiplos mecanismos desempenhem um papel. As explicações mais plausíveis são que a CEP é um distúrbio multifatorial, possivelmente se desenvolvendo em indivíduos com predisposição genética quando exposto ao estímulo ambiental apropriado. As seguintes etiologias foram propostas:

  • Devido à forte associação entre CEP e retocolite ulcerativa (uma doença auto-imune conhecida) sugere-se um processo auto-imune.
  • Uma reação inflamatória no fígado e nos ductos biliares pode ser induzida pela entrada crônica ou recorrente de bactérias na circulação portal. Os danos no fígado também podem resultar do acúmulo de ácidos biliares tóxicos que são produzidos de maneira anormal por bactérias do cólon ou infecção viral crônica.
  • Podem ocorrer danos isquêmicos nos ductos biliares.

Ativação imunológica – Existem várias linhas de evidência que apoiam uma causa imunopatogênica. Várias anormalidades na imunidade humoral foram descritas nesses pacientes:

  • Até 50% têm um nível elevado de IgM e alguns também podem ter uma fração aumentada de IgG
  • Os autoanticorpos estão frequentemente presentes em pacientes com CEP, com títulos na faixa associada à hepatite autoimune. Os mais comuns são os anticorpos anti-músculo liso e anticorpos antinucleares, encontrados em aproximadamente 75% dos pacientes.
  • Anticorpos direcionados contra antígenos citoplasmáticos e nucleares de neutrófilos com um padrão característico de coloração perinuclear (P-ANCA) são encontrados em até 80% dos adultos.

Fatores genéticos – parentes de primeiro grau de pacientes com CEP têm um risco aumentado de CEP e retocolite ulcerativa, apoiando uma predisposição genética para essas condições. Os pacientes têm uma prevalência aumentada de HLA-B8, -DR3 e -DRw52a.

Infecção bacteriana – forte associação entre CEP e retocolite ulcerativa levou a especulações de que o aumento da permeabilidade de bactérias na circulação portal através de uma parede colônica inflamada pode levar a colangite crônica ou recorrente, ou que produtos bacterianos podem causar inflamação do fígado e do trato biliar, levando a a aparência patológica e colangiográfica característica.

Dr. Edimar Leandro Toderke

Cirurgião Aparelho Digestivo

Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR-PR). Residência Médica em Cirurgia Geral pelo Hospital Municipal de Ipanema / Rio de Janeiro – RJ. Residência em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR). Mestre em Clínica Cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR).

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