Tratamento Clínico (medicamentoso) da Doença do Refluxo Gastroesofágico

A passagem do conteúdo gástrico para o esôfago (refluxo gastroesofágico) é um processo fisiológico normal. A maioria dos episódios é breve e não causa sintomas, lesão esofágica ou outras complicações. O refluxo gastroesofágico se torna uma doença quando causa dano macroscópico ao esôfago ou causa sintomas.

Estilo de vida e modificação na dieta

  • Perda de peso (IMC< 30).
  • Elevação da cabeceira da cama em indivíduos com sintomas noturnos ou laríngeos (tosse, rouquidão, pigarro). Isso pode ser alcançado colocando blocos de 15 a 20 cm sob as pernas na cabeceira da cama ou uma cunha sob o colchão. Sugerimos também não assumir uma posição supina após as refeições e evitar as refeições duas a três horas antes de dormir.
  • Eliminação de cafeína, chocolate, alimentos condimentados, alimentos com alto teor de gordura, bebidas gaseificadas e hortelã-pimenta.
  • Evitar cigarro e álcool, pois ambos reduzem a pressão do esfíncter esofágico e o fumo também diminui a salivação.

Antiácidos – Como os antiácidos não impedem a DRGE, seu papel é limitado ao uso intermitente (sob demanda) para alívio dos sintomas leves da DRGE que ocorrem menos de uma vez por semana. Os antiácidos geralmente contêm uma combinação de trissilicato de magnésio, hidróxido de alumínio ou carbonato de cálcio, que neutraliza o pH gástrico, diminuindo assim a exposição da mucosa esofágica ao ácido gástrico durante episódios de refluxo. Os antiácidos começam a fornecer alívio da pirose em cinco minutos, mas têm uma curta duração de efeito de 30 a 60 minutos.

Agentes de superfície – O sucralfato (sulfato de sacarose de alumínio) é um agente de superfície, que adere à superfície da mucosa, promove a cicatrização e protege contra lesões pépticas por mecanismos que não são completamente compreendidos.

Antagonista do receptor da histamina 2 (H2RAs) – diminuem a secreção de ácido inibindo o receptor da histamina 2 na célula parietal gástrica. No entanto, o desenvolvimento de taquifilaxia dentro de duas a seis semanas após o início dos H2RAs limita seu uso no manejo da DRGE a longo prazo.

Inibidores da bomba de prótons – Os IBPs devem ser usados em pacientes com esofagite erosiva e/ou sintomas frequentes (dois ou mais episódios por semana) ou sintomas graves de DRGE que prejudicam a qualidade de vida. Os IBPs são os inibidores potentes da secreção de ácido gástrico por ligação irreversível e inibição da bomba de hidrogênio-potássio (HK) ATPase. Os IBPs são mais eficazes quando tomados 30 minutos antes da primeira refeição do dia, porque a quantidade de HK-ATPase presente na célula parietal é maior após um jejum prolongado. Os IBPs devem ser administrados diariamente, em vez de sob demanda, porque a terapia contínua oferece melhor controle dos sintomas, qualidade de vida e maiores taxas de remissão endoscópica. Os IBPs em doses padrão por oito semanas aliviam os sintomas da DRGE e curam a esofagite em até 86% dos pacientes com esofagite erosiva.

Duração da supressão ácida

  • Pacientes com esofagite grave ou esôfago de Barrett – Pacientes com esofagite erosiva grave ou esôfago de Barrett requerem supressão de ácido de manutenção com um IBP em dose padrão continuadamente.
  • Pacientes sem esofagite erosiva grave e esôfago de Barrett – IBP devem ser prescritos na dose mais baixa e pela menor duração apropriada à condição em tratamento.

Sintomas recorrentes – Aproximadamente 2/3 dos pacientes com doença do refluxo não erosivo apresentam recidiva quando a supressão de ácido é interrompida.

  • Em pacientes com sintomas recorrentes ≥ 3 meses após a interrupção da supressão ácida, pode ser usado ciclos repetidos de oito semanas de terapia supressora de ácido.
  • Em pacientes com sintomas recorrentes <3 meses de descontinuação da supressão ácida requerem terapia de manutenção a longo prazo com um IBP para supressão ácida. No entanto, a terapia com IBP deve ser usada na dose eficaz mais baixa necessária para controlar os sintomas da DRGE

O papel da cirurgia em pacientes com DRGE que não podem tolerar IBPs a longo prazo ou desejam interromper a terapia pode ser uma opção.

Dr. Edimar Leandro Toderke

Cirurgião Aparelho Digestivo

Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR-PR). Residência Médica em Cirurgia Geral pelo Hospital Municipal de Ipanema / Rio de Janeiro – RJ. Residência em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR). Mestre em Clínica Cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR).

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